Vilão não foi páreo para Superman, mas aposentou
irmão de
Muhammad Ali
Jack O'Halloran: o vilão
"Non" de "Superman II" e o boxeador promissor
"Superman
II" tinha tudo para ser um filme de amor. Nele, o super herói decide abrir
mão de seus super poderes para ficar com seu grande amor, Lois Lane. Ele só não
contava que três criminosos mal-encarados iriam descer aqui na Terra e acabar
com seus planos de trocar a vida de heroísmo pela de amante. E quem assistiu ao
filme provavelmente não contava com essa informação: um dos três vilões –
"Non", o brutamontes fortão e mudo – já foi um boxeador promissor e
lutou contra algumas das grandes figuras do esporte.
O norte-americano Jack O'Halloran, que interpretou o personagem,
foi lutador antes de entrar para o cinema. No final dos anos 60 e começo dos anos
70, ele venceu suas 16 primeiras lutas. E não enfrentou só "galinha
morta". Em seu caminho estiveram ex-detentores do título dos pesos pesados
como Cleveland Williams, Terry Daniels, Manuel Ramos e Danny McAlinden.
Em 1972 e 1973, vieram os títulos de peso pesado da Califórnia,
e a carreira de Jack parecia chegar rapidamente ao ápice: ele estava próximo de
encarar ninguém menos que Muhammad Ali. Estava. Porque, para a surpresa geral,
Jack acabou nocauteado por Jimmy Summerville, em luta em Miami, na Flórida, e o
tão esperado confronto não aconteceu. Era o início do seu declínio, agravado
por um tumor na glândula pituitária que decretou sua aposentadoria em 1974.
Mas Jack tem mais feitos no boxe para se orgulhar. Além dos
títulos na Califórnia, o futuro vilão de "Superman II" chegou a ficar
entre os 10 primeiros no ranking mundial dos pesos pesados. Seu nome está no
Hall da Fama do Boxe da Califórnia e de Nova Jersey, seu estado natal. E não
lhe faltam histórias: ele perdeu, mas teve a honra de lutar contra nomes como
George Foreman e Ken Norton. E contra Ali. Não o Ali famoso, mas seu irmão
quase desconhecido, Rahman Ali, que Jack ajudou a aposentar depois de um pedido
do próprio Muhammad.
"Acho que ele (Muhammad), que
era meu amigo, estava com vergonha do irmão e pediu para que eu lutasse com
ele. Eu lutei, ganhei, e ele se aposentou", lembra Jack, referindo-se a
Rahman. De fato, consta na biografia do irmão de Muhammad que ele se aposentou
logo depois de lutar com Jack. Mas, e se a luta tivesse sido contra o
"verdadeiro" Ali? "Eu venceria, e disse isso a ele", diz
Jack, divertindo-se.
O ex-boxeador e ex-ator vive hoje em
Los Angeles, na Califórnia, onde agora é escritor e produtor de cinema. Embora
seja mais conhecido por sua atuação no cinema, ele parece recordar com carinho
de sua época de boxeador. E não esconde os reais motivos pelos quais sua
carreira não foi para frente. "A verdade é que eu não me preparei como
deveria", diz Jack. Ele não entra em detalhes, mas dá a entender que era
uma espécie de Adriano Imperador do boxe. As tentações e confusões extracampo
não permitiram que ele focasse como deveria na vida de atleta. "Nesta luta
(contra George Foreman), eu estava melhor nos primeiros quatro rounds. Mas
acabei levando um golpe e nocauteado", recorda Jack.
Talvez Jack não se preparasse da
melhor maneira, mas era obstinado. Ele conta que recebeu o diagnóstico de sua
doença logo antes de uma luta na Califórnia. O médico disse que ele deveria se
tratar porque, senão, ia morrer. Ele escutou e foi para a luta assim mesmo.
Depois, submeteu-se a um tratamento inovador na época, que utilizava laser para
´explodir` o câncer, e cometeu outra insanidade.
"Eu passei pelo procedimento e
deveria ter ficado no hospital. Mas dei um jeito de escapar e fui direto participar
de outra luta". O ano era 1974, Jack perdeu essa luta, venceu outras
depois, mas, ele conta, ficou claro que não tinha mais condições de seguir
adiante no boxe.
"Resolvi me aposentar, e poucos
meses depois já me chamaram para fazer um filme", lembra ele. Apesar de
nunca ter atuado como ator, nem estudado atuação, as habilidades cênicas de
Jack já haviam chamado a atenção de produtores de cinema desde 1968, quando ele
recebera o primeiro convite. Pouco tempo depois de se aposentar, então, lá
estava o ex-boxeador estreando nas telas em "O Último dos Valentões"
(que tem o título original de "Farewell, My Lovely").
Ao longo de sua carreira como ator,
Jack nunca foi de fato um protagonista, mas teve o privilégio de atuar ao lado
de atores famosos como Omar Sharif, Catherine Deneuve, Jessica Lange, Dan
Aykroyd, Tom Hanks e, claro, o "homem de ferro" Christopher Reeve.
Sobre "Superman II", aliás, vale dizer que ideia de um vilão mudo foi
do próprio Jack. E que ele nunca escondeu que não se dava muito bem com o protagonista
do filme. Apesar de seu carinho pela obra, em declarações anteriores ele deu a
entender que não tinha uma boa relação com Reeve, e que o ator se comportava de
maneira um tanto mimada durante as filmagens, para dizer o mínimo. Jack,
entretanto, admitiu também que, quando Reeve se machucou e ficou tetraplégico,
ele soube admirar a coragem do ator para enfrentar a situação.
Mas Jack teve uma "recaída"
em relação ao boxe. E foi breve e triunfal. Em 1994, ele estava na academia de
um colega em Los Angeles quando começou a observar um garoto que treinava.
"Imediatamente, eu vi ali habilidades que ninguém tinha visto ainda",
conta Jack. "Decidi então treinar o garoto. Disse a ele que, se me
escutasse e fizesse tudo o que eu dissesse, seria campeão".
O garoto ouviu e, seis meses depois,
foi campeão mundial dos super meio pesados. Seu nome é Frankie Liles. "Eu
nunca havia treinado ninguém e em seis meses fiz do garoto campeão do mundo.
Foi uma maneira de devolver ao boxe o que eu poderia ter dado ao esporte e não
dei", orgulha-se Jack. Se ele pensa em largar sua atual carreira no mundo
das artes – agora na literatura – para voltar a treinar alguém? "Bom...Não
sei, recebi uma proposta aí...estou pensando sobre o assunto", revela
Jack.








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