Trinta anos depois, a
ciência explica "De Volta Para o Futuro"
Há 30 anos, em julho de
1985, estreava nos cinemas americanos "De Volta para o Futuro", filme
que transformaria a viagem no tempo, Michael J. Fox e o automóvel DeLorean em
ícones pop. Foi o filme mais visto naquele ano em todo o mundo e levantou uma
série de questões que, na época, só físicos cabeçudos haviam se feito.
Desde
então, até o britânico Stephen Hawking entrou na brincadeira e citou o filme em
seu livro "Uma Breve História do Tempo", justamente no capítulo em
que trata sobre as possibilidades teóricas de ir e vir ao passado e futuro.
Resolvemos
compilar tudo o que os cientistas falaram sobre o tema nas últimas décadas para
responder algumas dúvidas que até hoje atormentam os fãs do primeiro
filme.
É possível viajar ao passado?
Obviamente
estamos no terreno da teoria, mas a resposta é sim. Esse foi um tema tabu na
comunidade científica durante muito tempo, pois se considerava possível apenas
viajar para o futuro. Ao nos deslocarmos em velocidades muito altas, estamos
viajando no tempo. Um astronauta que vai ao espaço e fica meses orbitando a
Terra a 28 mil quilômetros por hora, quanto volta está alguns milésimos de
segundo no futuro em relação a quem ficou no planeta. É algo imperceptível.
Mas, de acordo com a teoria da relatividade, se fosse possível viajar acima da
velocidade da luz, voltaríamos no tempo, como Marty McFly fez no filme. O
problema é que não existe energia suficiente para fazer algo ultrapassar a
velocidade da luz. Mesmo os aceleradores de partículas do CERN, que só utilizam
blocos de matéria menores que átomos, não têm capacidade para fazê-los quebrar
a barreira dos 99,99% da velocidade da luz.
Mas, se ele de alguma forma
conseguisse, ao interferir no passado ele mudaria seu futuro?
Não. O físico Stephen Hawking, considerado a pessoa mais inteligente do
planeta, dedicou seu tempo a explicar isso no seu livro "Uma Breve
História do Tempo", então vamos acatar o que ele escreveu. De acordo com
ele, existem dois modos de lidar com o paradoxo da viagem no tempo. Uma delas é
chamada de "hipótese das histórias alternativas". De acordo com esse
ideia, afirma Hawking, "quando os viajantes do tempo voltam ao passado,
entram em histórias alternativas que diferem do registro histórico." Ou
seja, podem fazer o que quiser, sem se preocupar com a vida que levavam no
futuro. A outra hipótese é chamada de "histórias consistentes". Nada
do que fosse feito no passado poderia alterar o futuro, como tentar matar
Hitler ou algo assim.
O professor Emmett Brown conseguiria se
lembrar dos conselhos dados por Marty McFly no passado e se proteger dos
terroristas líbios?
A conjectura de proteção da cronologia - outra hipótese científica - diz
que não. Caso contrário, o que impediria alguém mal intencionado do futuro de
já ter voltado ao passado para mudar os rumos das Grandes Guerras Mundiais, por
exemplo? Novamente, vamos com Hawking. Essa conjectura "afirma que as leis
da física conspiram para impedir que corpos macroscópicos transportem
informação para o passado."
O professor Emmett Brown precisa de
plutônio para gerar 1,21 gigawatt de eletricidade para o seu DeLorean viajar no
tempo. Quanto é isso?
É muita coisa. Para se ter uma ideia, o porta-aviões Nimitz, usado pela
Marinha americana, é movido por um reator nuclear que produz 190 megawatts. Ele
pode operar por 20 anos sem parar e tem uma estimativa de "vida útil"
de 50 anos. A usina nuclear de Angra dos Reis I, por exemplo, tem uma
capacidade de produção de 640 megawatts. Na prática, porém, é só um número para
impressionar a audiência. Mas um raio, método usado para fazer o capacitor de
fluxo funcionar, não tem energia suficiente: só 300 quilowatts.
Por que o carro sempre aparece cheio de
gelo depois de viajar no tempo?
Isso pode dar uma pista do tipo de viagem que os roteiristas imaginaram. Existe uma outra maneira de viajar no tempo chamada "buraco de minhoca", na qual o espaço-tempo é dobrado para se fazer um atalho do ponto A ao B. É como se você pegasse o ponto A situado numa ponta de uma cartolina e juntasse com o ponto B na outra ponta dobrando o papel. Essa teoria não foi criada pelos roteiristas do filme, e sim por ninguém menos que Albert Einstein, em 1935. E o gelo? Qualquer objeto passando por meio desses buracos estaria exposto a temperaturas próximas do zero absoluto (-273,15º na escala Celsius).
Cena do filme "De Volta para o
Futuro", com o carro DeLorean
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