Secretário ‘participou de tudo’, diz ex-comandante da PM do Paraná ao
sair
Após exonerar-se do posto de comandante da
Polícia Militar do Paraná na noite passada, o coronel César Kogut falou sobre
ação policial contra os professores, que resultou em duas centenas de feridos.
Ele responsabilizou diretamente o secretário de Segurança do Estado, Fernando
Francischini. “O secretário conhecia e participou de tudo”, disse, em entrevista ao diário Gazeta do Povo.
Na
versão do agora ex-comandante da PM, os detalhes da repressão à manifestação de
professores, no dia 29 de abril, defronte da Assembléia Legislativa do Paraná,
foram planejados por Francischini e pelo subcomandante-geral da PM, coronel
Nerino Mariano de Brito. Os dois determinaram, por exemplo, o tamanho do
efetivo mobilizado naquele dia: 1.600 policiais.
Na
última segunda-feira, Francischini responsabilizara o comando da PM pela
operação policial que borrifou sangue nas manchetes nacionais sobre o Paraná.
Menos de 48 horas depois, César Kogut e outros 15 coroneis da PM enviaram carta
ao governador paranaense Beto Richa (PSDB). No texto, os oficiais repudiaram as
declarações do secretário, em tese, o superior hierárquico da polícia.
Segundo
o coronel Kogut, o secretário de Segruança é o responsável legal pela
coordenação operacional da PM. O que faz dele, por assim dizer, sócio dos
acertos e dos equívocos da polícia. “A responsabilidade pelos atos, certos ou
errados, é em conjunto entre a PM e quem esteve na execução do planejamento.”
Questionado
sobre os disparos de balas de borracha contra os professores, Kogut revelou os
autores das ordens. “Teve ordem dos comandantes operacionais – que eram, no
momento, Nerino [Mariano de Brito, o subcomandate-geral] e Arildo [Luís Dias, o
coronel que comandou a operação].”
Kogut
contou que, antes de exonerar-se, afastou o subcomandante-geral Nerino. Por
isso, quem assumiu automaticamente o comando-geral no seu lugar foi o atual
chefe do Estado-Maior da PM, coronel Carlos Alberto Bührer Moreira. Entre
outras razões, a providência foi necessária porque o novo comandante é o
responsável pelo inquérito policial-militar aberto para apurar
responsabilidades pelos excessos cometidos na fatídica ação.
O ex-comandante
esquivou-se de avaliar em que momentos a PM exorbitou de suas funções. Disse
que cabe ao Ministério Público e à PM, por meio do inquérito, apontar eventuais
abusos da corporação. Noutro ponto da conversa, Kogut saiu em defesa da tropa.
Disse que que os policiais não provocaram o confronto. Alegou que os
manifestantes avançaram primeiro, furando o bloqueio que protegia o pédio da
Assembleia Legislativa.
Ao
formalizar sua exoneração, o coronel Kogut disse ao governador Beto Richa que
“dificuldades insuperáveis” no relacionamento com a direção da Secretaria da
Segurança Pública o impediram de permanecer no posto. Na entrevista, afirmou:
“Não estou saindo pelos atos lá da Assembleia. Estou saindo porque acho
realmente que não tem como eu me relacionar com o secretário. […] Não fui
abandonado pelo governo. Foi uma decisão em conversa com o governador. O
governador está abalado.”
A
crise deflagrada pela batalha campal do dia 29 de abril tornou insustentável a
permanência do secretário Francischini. A ficha de Beto Richa demora a cair.
Mas a permanência dele no governo custa o olho da cara de quem o mantém na
poltrona.
por Glauco Lima





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