“Gugu
desestabilizou Suzane”, afirma
apresentador da RedeTV!
Especialista em
segurança e apresentador do programa policial Operação de Risco, da RedeTV!,
Jorge Lordello analisou, a pedido do blog, a entrevista de Suzane Von
Richthofen exibida na quarta e quinta (dias 25 e 26) no Programa do Gugu, na
Record.
Abaixo, ele
comenta a postura de Gugu, as reações de Suzane (“a mulher mais odiada do
Brasil”, na sua avaliação) e a celebrização de criminosos na TV.
·
Gugu conduziu
bem a entrevista? Ele cumpriu o papel como jornalista ou foi brando?
A linha de
perguntas de um apresentador de televisão reflete seu perfil de
comunicador. Apesar de não fazer contraponto em algumas respostas de
Suzane, Gugu chegou a desestabilizá-la em alguns momentos. A entrevistada
é dissimulada e preparada para enfrentar situações de pressão e
estresse; possui roteiro pronto em sua mente criminosa. Ficou claro
que Suzane não consegue convencer quando se coloca na posição de arrependida.
Em determinado momento, ao comentar que tem vontade de ser mãe, foi surpreendida
por uma pergunta muito inteligente do apresentador, sobre como
ela explicará a morte de seus pais, quando, fatalmente, for
questionada pelo filho que, eventualmente, terá. Como foi pega de
surpresa, a condenada titubeou, pensou muito para falar e respondeu em
círculos. Gugu foi feliz, também, quando a inquiriu quanto ao que sentia
após tantos anos de prisão. Em nenhum momento ela falou sobre sentimentos em
relação ao pai. Disse que sentia falta da mãe e do irmão. Do genitor, ela
silenciou. Talvez essa seja a mola propulsora desse crime obscuro.
·
Na sua visão
de especialista em segurança, faltaram ser feitas quais perguntas relacionadas
ao crime?
O antigo
jargão popular “mentira tem perna curta” bem cabe a este caso. O mentiroso
contumaz, de tanto repetir certas mentiras, faz delas suas ‘verdades’; até ele
acaba acreditando. Imagine uma bola de neve, quanto mais rola maior fica seu
tamanho. Outro fato curioso é que para contar uma mentira grande, é preciso
criar dezenas de pequenas inverdades. Suzane criou uma versão para o crime que
planejou. Durante o processo ela negou, veementemente, ser mandante; colocou
toda a culpa nos irmãos Cravinhos. Depois de condenada, percebendo que
teria de cumprir a pena, resolveu admitir uma pequena parcela de culpa na
entrevista ao Gugu. Na verdade, ela tentou vestir a carapuça de ‘vítima’,
quando alegou ter sido influenciada, perversamente, pelo namorado,
Daniel Cravinhos. Suzane mentiu descaradamente durante a fase policial,
processual e no tribunal do júri. Lamentavelmente continua dissimulando no
período que cumpre pena. Eu teria dezenas de perguntas a fazer à
mulher mais odiada do Brasil. Ela diz, por exemplo, que renunciou à herança em
favor do irmão, mas não é isso que fala o promotor de justiça do caso. Outro
ponto que poderia ter sido explorado na entrevista é a suposta conta
milionária que Suzane teria em seu nome na Suíça.
·
Além de
Suzane e Sandra Gomes, o "Sandrão", Gugu também gravou com o ex-goleiro Bruno.
Essa celebrização na TV de condenados por crimes hediondos não é um equívoco?
Entrevistas
e matérias investigativas feitas pela mídia com suspeitos, averiguados e réus,
antes da sentença judicial, são extremamente importantes, pois, em diversas
oportunidades, serviram de prova acusatória em julgamentos. Entendo que
depois da sentença condenatória transitar em julgado, ou seja, sem a
possibilidade de recurso, cabe ao criminoso cumprir a pena. Não
vejo razões de cunho jornalístico para se entrevistar pessoas em cárcere.
·
O cineasta
Fernando Grostein, irmão de Luciano Huck, comprou os direitos do livro
‘Richthofen – O Assassinato dos Pais de Suzane’, do escritor Roger Franchini, e
pretende filmar a história em breve. Na sua opinião, Suzane teria o direito de
impedir a realização de filmes e livros sobre o caso?
Não vejo a
possibilidade de ela interferir na produção do filme, pois o roteiro deverá ser
baseado nos fatos colhidos durante a investigação policial e o julgamento pelo
tribunal do júri. O processo criminal não correu em segredo de justiça; os
fatos são públicos. Suzane não é dona da história da morte de seus pais. Mesmo
com olhar aparentemente doce e rosto angelical, foi capaz de engendrar e
organizar a execução dos genitores, e com isso abalou a família brasileira. Se
dependesse exclusivamente dela, estaria agora usufruindo a fortuna dos pais e
se colocando na posição de vítima da violência urbana.
·
Após essa
superexposição no programa do Gugu, Suzane Von Richthofen ainda continuará a
despertar tanto interesse?
Suzane
sempre despertará intenso interesse da população, pois ela representa o que
existe de mais reprovável na sociedade moderna; é o exemplo negativo, o
abominável. O homicídio já é uma atitude sombria e reprovável ao extremo.
Mas assassinar seus pais, aqueles que te geraram e deram todo carinho do
mundo, provoca carga de raiva e ódio inimagináveis. Historicamente, o
primeiro relato midiático de parricídio (filhos que matam pais), se deu na
tragédia grega ‘Édipo Rei’, de Sófocles. O personagem Laio, que
teve um filho de nome Édipo, ao consultar o Oráculo, recebe a notícia
de que ele seria seu parricida. Ao saber disso, pede a um de seus servos
que leve a criança para longe dali e a mate. Contudo, o servo poupa a
criança; a deixa distante do reino, convicto de que jamais voltaria.
Acolhido por uma família, Édipo cresce, e na fase adulta volta ao reino e mata
seu verdadeiro pai, mesmo sem ter a ciência do parentesco.
·
Os policiais
responsáveis pela elucidação de crimes famosos merecem ter mais destaque na
mídia, assim como acontece com quem comete os delitos?
Policiais à
frente de casos de grande repercussão, quando trabalham de forma correta, ágil
e contundente, ganham notoriedade e respeito da sociedade. É a velha
historia do bandido versus mocinho. O telespectador sempre torce e vibra pela
vitória do ‘homem da lei’, que é o delegado de polícia. Posso citar
exemplos recentes, e de grande repercussão, como o do delegado Edson
Moreira, de Minas Gerais, que elucidou a morte de Eliza Samúdio; além
do delegado Antonio de Olim, de São Paulo, que esclareceu o assassinato de
Mércia Nakashima. Ambos concorreram a cargos eletivos nas últimas eleições e
tiveram votações expressivas. Portanto, restou claro o reconhecimento da
população pelo trabalho que esses profissionais de polícia realizaram.
por Glauco Lima


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